Agora, nesse segundo que corri aqui pra te escrever, nesse momento não existe essa coisa de dia e de dois meses exatos. Existe só que vamos todos morrer então pra que mesmo o orgulho de sair ileso mais um dia. Mais um dia ileso. Como se não fosse cheios de feridas que raspamos com as costas das mãos as nossas roupas de guerra e dormimos em paz. Outro dia tive uma ideia. A cada onze dias, perto das onze horas da noite, eu chegaria sem dizer nada e você também não poderia dizer nada. E então a gente só ficaria se lambendo um pouco. E aqui não tem nada de erótico não, é bonito isso que eu quero dizer. E depois acabava mesmo. E a cada onze dias de novo. E isso seria um contrato já que meu doentinho daqui da cabeça quer tanto. Pro resto da vida. E tudo bem pra você, vai. Sim, seria um contrato, mas olha que maravilha os outros onze dias sem nada. E seria só por uma hora. Então, tudo bem. Acho que você assinaria. Hoje eu estava no estacionamento do aeroporto e fiquei seguindo as plaquinhas de saída e vi que é isso que faço melhor do que ninguém. São tantas as coisas que eu queria te falar e contar. E eu sigo fantasiando que você entende tudo e melhor que todo mundo. E isso acaba comigo mas, ao mesmo tempo, me tira um pouco da chatice burra e apática de sempre. E então, me vem a ideia de realmente te contar as coisas. E por isso escrevo. Porque se você entra aqui pra ler é você que, com todo o meu amor que você nem imagina, consegue sentir como sendo seu. E então é mesmo essa coisa maluca de eu me livrar do que eu nem sei se sinto pra você, sem nem saber se sente, sentir o que já estava aí esse tempo todo. A troca do absurdo. Nisso trocamos. O absurdo.
São, sei lá, duas e pouco da manhã. Passo boa parte de tudo sem doer, sem sentir tão forte. Às vezes nem parece que aconteceu. Mas o tempo todo, ainda, converso e te mostro tudo, o tempo todo. O tempo todo. O tempo todo. Não porque sou sozinha. Não porque era menos sozinha com você. Apenas porque apenas. O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer assim: gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar. E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Mas olha, ainda assim, olha eu aqui de novo. Porque você não é melhor que a minha imaginação, você não é melhor que a minha esperança, você, pra falar a verdade, é bem ruinzinho. Mas é isso. E eu mais uma vez preferindo não sair ilesa pra me sentir menos machucada. Você pode, a cada onze dias, ler um texto, a língua, brincar do não abismo, qualquer coisa, só ler, continuar assim, só ler, não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.
E sim, é pra você mesmo. Não deveria ser, mas é.
( eu ainda, provavelmente, vou me arrepender de ter publicado isso.)
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